OS PÉS NA TERRA E A MÃO NA MASSA
Descobriu-se, hoje, graças a um recado da Comissão Europeia, que o facto de se produzir pouco em Portugal conduzirá a uma pobreza generalizada em 2050. Imagino que antes disso, já seja chato por cá andar. Lá vão ter os nossos filhos que ir à arrecadação buscar as malas de cartão.
Nada a que não estejamos habituados.
Depois, lá fora, vão trabalhar normalmente. Dez vezes mais do que faziam cá dentro.
Então, de onde vem esta preguiça nacional?
Não tenho a certeza. Em parte, julgo que vem do rescaldo da pós-ditadura. Depois de 48 anos sem outro direito que não fosse o de encher o cu aos mais ricos (interessante, a lavagem revisionista que uma geração mais velha e ressentida está a fazer do 25 de Abril, com a cooperação ignorante de uma geração que não faz ideia do que foi a Pide, o corporativismo, ou a troca de favores entre os grandes empresários e bancários com um governo corrupto, enquanto a maioria dos portugueses tentava descolar a pele do fundo das costas...), a gente empregada, acreditou que tinha chegado a hora de ganhar sem fazer nada. Para isso contribuiram (e continuam a contribuir) as organizações sindicais, inspiradas em princípios que foram buscar sabe deus onde. A própria prática sindical, que movimenta massas para não perder os tachos que lhes pagam as rendas há 30 anos, é exemplo disso.
No outro dia, no Chiado, um grupo de "jovens ferroviários", manifestava-se em favor da não-alteração dos seus direitos. Além do inenarrável "Arre porra que é demais", tão em moda no mundo levanta-te e ri da CGTP, exigiam que não "lhes tirassem a Pausa". E sentavam-se, quando diziam isto. Não tinham um ar particularmente cansado. Mas ainda assim, de todos os "direitos adquiridos", a "pausa" era a que falava mais alto nos seus corações.
Enquanto professor (ocasional), tenho encontrado nos últimos anos duas coisas nas gerações mais novas: a) uma profunda ignorância e total desinteresse por acabar com ela. b) a sua primeira preocupação é que "não lhes dê trabalho". Querem ir para casa, ou para o computador "comunicar". Ignorância e preguiça tornaram-se a base da sociedade portuguesa.
O que esperar disto? A pobreza e a perplexidade, quando descobrirem (pela televisão) que a chuva de maná só ocorreu uma vez e foi há muito tempo.
Claro que ainda vão ter que ir ao google descobrir o que diabo era o maná...
Socorro! Tirem-me deste filme...
Sem comentários:
Enviar um comentário